Entrevista com Duarte Nobre Guedes, presidente do Turismo e do Centro de Congressos do Estoril
Anda feliz da vida e é caso para isso. Não é todos os dias que o Estoril recebe mil jornalistas e publicidade gratuita, por acolher um acontecimento do calibre da Cimeira Ibero-Americana, que propicia a Juan Carlos e Hugo Chávez, autor e destinatário da mais célebre frase do século - "por qué no te callas?" - um reencontro no local onde o Rei se fez homem.
O Estoril está habituado a receber famosos. Em 1870, a Cidadela de Cascais foi escolhida por D. Luís para residência oficial de Verão. Entre as duas guerras, era, a par de Biarritz, Mónaco e San Sebastián, uma das jóias do turismo europeu - ao ponto de ser a estação terminal do Sud Express. E, na II Guerra, foi nesta costa elegante e sofisticada, transformada em centro de espionagem, que se refugiou meia dúzia de famílias reais e Edmond de Rothschild, o homem mais rico do mundo.
Depois de nos anos 60 ter sido escala obrigatória do roteiro de vedettes, como Sylvie Vartan, Adamo, Grace Kelly ou Françoise Hardy, chegou a vez de Cristina Kirchner e Lula se encantarem com a baía de Cascais. "A cimeira ajuda a divulgar o Estoril como destino privilegiado para grandes reuniões internacionais", reconhece Duarte Nobre Guedes, 59 anos, que preside ao Turismo e Centro de Congressos do Estoril, após ter feito carreira na cerâmica (Cerexport e Vista Alegre).
Por estes dias, Duarte e os seus colaboradores andam com os jornalistas estrangeiros ao colo, mostrando-lhes o melhor da região, não só de Cascais mas também o Palácio da Pena ou os Jerónimos, porque não são ciumentos. "Lisboa faz parte do produto do Estoril. Há uma complementaridade. Por isso, vendemos Lisboa como um produto nosso", afirma este gestor, que fez três Dakars (6.º, 8.º e 27.º lugares), sendo o único português a ganhar uma etapa e o único concorrente, em toda a história do rali, a cortar a meta antes das motos.
"Não somos um bairro turístico de Lisboa. Somos um destino. Temos dimensão e notoriedade", acrescenta Duarte, que escolheu almoçarmos no Costa do Estoril, em frente ao Centro de Congressos e bem perto do Hotel Palácio, onde Ian Fleming escreveu Casino Royale, o primeiro livro da saga 007. Como já lhe conhecem os hábitos, não precisou de pedir a salada de alface e tomate com que abre sempre a refeição. No final, cedeu à tentação e, antes do chá, comeu uma colher de mousse de chocolate.
Tradicionalmente famoso como estância balnear, o Estoril foi ultrapassado, no segmento sol e praia pelo Algarve, e passou um mau bocado nos anos após o 25 de Abril, em que foi desqualificado, esquecido e maltratado. Corrigida a rota para destino de alta qualidade para negócios e congressos, vive um novo e próspero fôlego, documentado pelos 1,2 milhões de dormidas, com uma estada média de quatro dias (contra apenas 2,5 de Lisboa) por turista, vendidas em 2008.
A qualificação da oferta (em 31 hotéis, dez são de cinco estrelas e outros dez são de quatro) explica porque é que o Estoril tem o mais alto preço médio por quarto - 90 euros acima de Lisboa (80) e dos 70 que são a média nacional e da Madeira.
Com sete campos de golfe, o maior casino da Europa, autódromo, marina, hipódromo, aeródromo, parque natural, e os dois empreendimentos imobiliários com o metro quadrado mais caro do País, é natural que o Estoril aguente melhor a crise. "Este ano, o nosso preço por quarto vai cair 4%. Em Lisboa cai 11% e no Algarve não digo senão o secretário de Estado mata-me", conta.
A sustentabilidade é a mais recente arma que ele está a usar para tornar o Estoril um destino ainda mais sexy. O seu Centro de Congressos é o único do mundo com certificação ambiental, conseguida após um esforço de redução em 12% do lixo produzido e racionalização dos consumos de água, papel e energia. O próximo passo é um investimento fotovoltaico, que fará a electricidade emigrar da coluna das despesas para a das receitas.
E, como os plásticos estão absolutamente proibidos, os chefes de Estado e de Governo dos 22 países ibero-americanos vão beber água de garrafas de vidro e receber lápis para tomarem apontamentos durante as reuniões da cimeira no Centro de Congressos.
Anda feliz da vida e é caso para isso. Não é todos os dias que o Estoril recebe mil jornalistas e publicidade gratuita, por acolher um acontecimento do calibre da Cimeira Ibero-Americana, que propicia a Juan Carlos e Hugo Chávez, autor e destinatário da mais célebre frase do século - "por qué no te callas?" - um reencontro no local onde o Rei se fez homem.
O Estoril está habituado a receber famosos. Em 1870, a Cidadela de Cascais foi escolhida por D. Luís para residência oficial de Verão. Entre as duas guerras, era, a par de Biarritz, Mónaco e San Sebastián, uma das jóias do turismo europeu - ao ponto de ser a estação terminal do Sud Express. E, na II Guerra, foi nesta costa elegante e sofisticada, transformada em centro de espionagem, que se refugiou meia dúzia de famílias reais e Edmond de Rothschild, o homem mais rico do mundo.
Depois de nos anos 60 ter sido escala obrigatória do roteiro de vedettes, como Sylvie Vartan, Adamo, Grace Kelly ou Françoise Hardy, chegou a vez de Cristina Kirchner e Lula se encantarem com a baía de Cascais. "A cimeira ajuda a divulgar o Estoril como destino privilegiado para grandes reuniões internacionais", reconhece Duarte Nobre Guedes, 59 anos, que preside ao Turismo e Centro de Congressos do Estoril, após ter feito carreira na cerâmica (Cerexport e Vista Alegre).
Por estes dias, Duarte e os seus colaboradores andam com os jornalistas estrangeiros ao colo, mostrando-lhes o melhor da região, não só de Cascais mas também o Palácio da Pena ou os Jerónimos, porque não são ciumentos. "Lisboa faz parte do produto do Estoril. Há uma complementaridade. Por isso, vendemos Lisboa como um produto nosso", afirma este gestor, que fez três Dakars (6.º, 8.º e 27.º lugares), sendo o único português a ganhar uma etapa e o único concorrente, em toda a história do rali, a cortar a meta antes das motos.
"Não somos um bairro turístico de Lisboa. Somos um destino. Temos dimensão e notoriedade", acrescenta Duarte, que escolheu almoçarmos no Costa do Estoril, em frente ao Centro de Congressos e bem perto do Hotel Palácio, onde Ian Fleming escreveu Casino Royale, o primeiro livro da saga 007. Como já lhe conhecem os hábitos, não precisou de pedir a salada de alface e tomate com que abre sempre a refeição. No final, cedeu à tentação e, antes do chá, comeu uma colher de mousse de chocolate.
Tradicionalmente famoso como estância balnear, o Estoril foi ultrapassado, no segmento sol e praia pelo Algarve, e passou um mau bocado nos anos após o 25 de Abril, em que foi desqualificado, esquecido e maltratado. Corrigida a rota para destino de alta qualidade para negócios e congressos, vive um novo e próspero fôlego, documentado pelos 1,2 milhões de dormidas, com uma estada média de quatro dias (contra apenas 2,5 de Lisboa) por turista, vendidas em 2008.
A qualificação da oferta (em 31 hotéis, dez são de cinco estrelas e outros dez são de quatro) explica porque é que o Estoril tem o mais alto preço médio por quarto - 90 euros acima de Lisboa (80) e dos 70 que são a média nacional e da Madeira.
Com sete campos de golfe, o maior casino da Europa, autódromo, marina, hipódromo, aeródromo, parque natural, e os dois empreendimentos imobiliários com o metro quadrado mais caro do País, é natural que o Estoril aguente melhor a crise. "Este ano, o nosso preço por quarto vai cair 4%. Em Lisboa cai 11% e no Algarve não digo senão o secretário de Estado mata-me", conta.
A sustentabilidade é a mais recente arma que ele está a usar para tornar o Estoril um destino ainda mais sexy. O seu Centro de Congressos é o único do mundo com certificação ambiental, conseguida após um esforço de redução em 12% do lixo produzido e racionalização dos consumos de água, papel e energia. O próximo passo é um investimento fotovoltaico, que fará a electricidade emigrar da coluna das despesas para a das receitas.
E, como os plásticos estão absolutamente proibidos, os chefes de Estado e de Governo dos 22 países ibero-americanos vão beber água de garrafas de vidro e receber lápis para tomarem apontamentos durante as reuniões da cimeira no Centro de Congressos.
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